IV - Thada
Gusia é um guri perambulante (você já deve ter percebido né?), anda por aqui, ali e acolá quase ao mesmo tempo. Sabe tudo e sabe nada, ama a todos e não mede seu amor.
Já ouviu aquele negócio de que massa é dado em quilos e volume é dado em litros? Pois então, o amor de Gusia é dado em sorriso/abraço.
Eu já tive a oportunidade de abraçá-lo. E só posso descrever, que não sei descrever o que é aquilo. Parece uma mistura de brigadeiro com os amigos e cama quentinha no inverno. O sorriso também é encantador. Uma mistura quase impossível de se dar, entre malícia e inocência. Inocência, pela ingenuidade de poder sorrir nos momentos mais impróprios. E malícia por nos conduzir aos seus olhos negros e profundos, que nos levam às suas viagens e nos contam suas peripécias, loucas e improváveis. Ah, e por falar nisso, vou contar sobre o terceiro lugar que ele conheceu: a terra de Thada. Na verdade, eu nem sei como e por que ele foi parar lá, só sei que foi. Já ouviu a expressão “sei não, só sei que foi assim”? Então, é isso aí. Ele só disse que foi numa noite nos mares... Onde o vento soprava forte:
- Shúúú!
Por estar escuro ele não viu a terra direito, mas certo tempo depois ele pôde conhecê-la. Ele gostou da terra. Gostou mesmo. Tanto que decidiu morar lá. Mas ele não conseguiu habitar lá por muito tempo, os habitantes daquela terra o tiveram por indigno de habitá-la, então ele foi, digamos... Convidado a se retirar.
Ah, também não tenho permissão para contar o que há na terra de Thada, nem como ela é; Gusia me pediu segredo. Mas lhe garanto que a terra de Thada é perfeita, como se tivesse Tudo Feito Bem Suave. Ops... Quero dizer, perfeita não... Quase perfeita.
A terra de Thada sofre muita influência de outros povos. Se deixa levar muito fácil pelos costumes de outras terras, terras que eu nem conheço.
Qualquer coisa que um povo faz, não importa o que seja, costumes, tradições ou usos de comportamento, o povo de Thada logo quer fazer também. Tenta copiar quase tudo que pode, até as línguas de outros povos tenta falar. Acho que a terra de Thada ainda não percebeu que assim seus valores estão em risco.
Qualquer coisa que um povo faz, não importa o que seja, costumes, tradições ou usos de comportamento, o povo de Thada logo quer fazer também. Tenta copiar quase tudo que pode, até as línguas de outros povos tenta falar. Acho que a terra de Thada ainda não percebeu que assim seus valores estão em risco.
Acontece que quando uma terra não valoriza as características do seu povo, e adota costumes de terras estranhas, perde seu valor. Suas tradições perdem o significado, pois dão lugar a novos sentimentos, novos pontos de vista. Mudando desse jeito, a terra de Thada pode nem existir daqui algum tempo, e sim, a cópia de algum outro povo.
Dezembro de 2010.
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