Operários (Tarsila do Amaral, 1933) |
Quando
Yeshua veio ao mundo, a religião já existia. Já se matava e morria
por ela. As sinagogas já existiam. Os religiosos já existiam. E as
diferenças causadas por isso também. Mas Yeshua propôs algo
diferente. Ele deixou claro que aquilo era errado. Sua mensagem
destruía completamente tudo que havia até então: “não vim
trazer paz, mas espada!”.
Qual
cristianismo você diz conhecer? Qual euangelion você ouviu?
A
igreja que se diz apostólica, ao mesmo tempo se diz romana. Por
acaso, não foram os romanos que crucificaram Yeshua e mataram os
apóstolos?
Esta
mesma igreja, destruiu dezenas de evangelhos e escolheu quais
escritos fariam parte daquilo que hoje conhecemos como Bíblia
Sagrada.
Esta
mesma igreja constituiu para o planeta, um líder. Líder este que se
diz infalível*, no entanto muitos deles superaram Hitler em suas
atrocidades.
Esta
mesma igreja que controlava os copistas, que tinham como ofício
criar cópias das cópias das cópias das cópias de um suposto
pergaminho original, e estas cópias por sua vez, também eram posses
da dita igreja.
Desta
mesma igreja, surgiram muitas outras seitas, com ideologias próprias
e até mesmo com bíblias próprias. Evangélicos, protestantes,
pentecostais, entre tantos outros. Batista, Metodista, Luterana,
Presbiteriana, Anglicana**, Mórmon, Assembleia de Deus, Sara Nossa
Terra, Deus é Amor, Só o Senhor é Deus, Universal do Reino de
Deus, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Poder de Deus,
Tabernáculo da Fé, e tantas outras dezenas de centenas de
denominações, e o melhor: tudo isso se diz cristianismo.
Mas
ora, ora... Que engraçado. E eu jurava que Cristo havia pregado a
unidade. Bem, mas o mundo está cheio de doutores. Quem sou eu para
questionar, não é mesmo?
Diante
disso, não posso deixar de perguntar: qual Yeshua você conhece?
Gandhi
disse que amava Cristo. Porém não amava os cristãos. E justificava
- “eles são tão diferentes de Cristo”.
Ao
estudar as escrituras que acredito ser a Bíblia Sagrada, ou seja,
que contém as palavras ditas por Yeshua, e que confio estarem
traduzidas de forma bem próxima do original, não posso deixar de
sentir nojo do cristianismo vivido hoje. E que me perdoem os
senhores, mas não estou me referindo ao catolicismo. Esse já perdeu
o posto de algo próximo de Cristo há muitos séculos, o que não o
impede de enquadrar-se no meu desprezo e tristeza.
Ao
ler a bíblia, fica claro que Yeshua não queria que fizéssemos o
que fazemos.
Estamos
vivendo errado. E segundo o que cremos, posso afirmar com segurança:
o céu está longe. Muito longe!
Yeshua
não ensinou a construir templos suntuosos e com luxo. Não disse que
deveríamos ir à igreja. Aliás, uma palavra que ele nunca citou
(pelo menos não consta) foi “igreja” (que conhecemos)***.
Yeshua
era contra as dissenções, a inveja, a avareza, corrupção, maldade
e afins.
O
Yeshua que conheço, ensinou a humildade. O mais instruído em quem
Yeshua confiou, o traiu (?).
Este
Yeshua não tinha profissão. Não tinha casa. Não tinha família.
Este
Yeshua não morreu de fome, nem de frio. E nunca esteve em solidão.
O
Yeshua que conheço era contra o sistema daquela sociedade. Ensinava
a ser diferente; tratando não com igualdade, mas considerando sempre
o outro maior que si mesmo.
Este
Yeshua se opôs à todas as tradições errôneas, às quais as
pessoas já estavam habituadas. Quebrou regras e protocolos. Rompeu
paradigmas e dogmas.
Este
Yeshua foi além do comum. Foi torturado e assassinado por isso. Por
que era diferente. Queria que tudo fosse diferente. Queria que eu
fosse diferente. Esse Yeshua queria que o nosso hoje fosse diferente
do hoje dele.
E
é?
Extraído da minha agenda de 9 de setembro de 2011. Escrito às
23:48, numa pizzaria.
*Em novembro de 2013 o Papa Francisco confessou ser pecador.
**Não contida no texto original.
***A palavra Ekklesia, citada por Yeshua 2 vezes, se refere à reunião de escolhidos, chamados, não tem o significado de igreja que conhecemos hoje.
O primeiro post do ano! \o/
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