É com lágrimas que escrevo a postagem de hoje.
Um dos motivos é a perda de um grande camarada. Mas isso faz parte da vida. É inevitável, de uma forma ou outra. A gente compreende. E aceita. Se conforma.
Já o outro, não dá pra compreender. Deveria ser evitado. É inaceitável. Não dá para se conformar.
Não quero culpar Cabral. O que Portugal fez ou deixou de fazer, pouco vai importar agora. Nada daquilo pode ser mudado. Mas o que Mato Grosso do Sul está fazendo com seus indígenas, transcende a monstruosidade.
Latuff, 2013. |
Na impossibilidade de escrever algo decente sobre o assunto (não tô suportando mais ler as matérias nos jornais e os artigos que circulam na internet. É muito cruel), decidi compartilhar com vocês o apelo da comunidade indígena Yvy Katu, de Japorã, no extremo sul de MS.
A Carta das Comunidades Guarani e Kaiowá do tekoha YVY KATU, publicada na última quinta-feira (12), revela a opção coletiva pela resistência diante da ordem de despejo expedida pela Justiça Federal de Naviraí, que pretende ser cumprida nesta quarta-feira (18).
"Estamos esperando por esta terra há dez anos.
Agora é nosso e vamos permanecer. Vamos morrer tudo aqui.
Se houver despejo, o governo e a presidente Dilma
vão ter que preparar um vala bem grande."
Leila Cunã Quaratu, líder indígena
Não consigo assimilar que isso esteja acontecendo. Não no século XXI. No Brasil. Não depois do Holocausto Nazista, de Holodomor, de Hiroshima e Nagazaki. Depois do Vietnã. Afeganistão. Depois de tudo que deveríamos ter aprendido com esses episódios. Não consigo acreditar que estamos permitindo isso. Não consigo acreditar que vamos assistir o que pode ser um dos maiores genocídios da história do país, patrocinado pela ganância dos nossos fazendeiros aliada à passividade do nosso Governo e órgãos de justiça. Me recuso a crer nisso. (Não consigo mais escrever)
"Não é possível que o primeiro passo para a solução do problema seja a permissão do Ministro da Justiça para que a Polícia Federal realize um genocídio em favor da elite agrária sul-mato-grossense."
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